Na Bélgica a política no cabeleireiro está proibida

Uma das maiores cadeias de cabeleireiros da Bélgica proibiu os funcionários de abordarem assuntos relacionados com a atualidade política ou religião.

A Olivier Dachkin é uma cadeia belga de cabeleireiros que conta atualmente com 65 salões, na Bélgica e no estrangeiro. Nos últimos dias ganhou um protagonismo inesperado, graças a uma ordem da direção que proíbe todos os funcionários de falarem sobre religião ou política com os clientes.

Na Bélgica, falar de política no cabeleireiro está proibido

A notícia é da cadeia de televisão belga RTBF, que acrescenta: segundo a diretiva da empresa, se um cliente abordar um destes temas, o cabeleireiro deve rapidamente mudar o rumo da conversa e abordar outros assuntos, como o tempo, o penteado ou a família.
Questionada pelo jornal flamengo Het Nieuwsblad, a direção da Olivier Dachkin defendeu-se dizendo que um salão de cabeleireironão pode comparar-se a um café e que é preciso a todo o custo evitar os debates "tempestuosos", referindo, por exemplo, que um cliente pode querer falar sobre Alá ou Bart De Wever, o líder do partido nacionalista flamengo N-VA.
E ainda que um dos funcionários, citado pelo francês Le Figaro, não mostre preocupação porque, pela sua experiência, os clientes preferem falar da família, dos amigos ou das férias, Jef Vermeulen, membro da união dos cabeleireiros belgas, defende que temas de religião e política são "inevitáveis". "Um cabeleireiro deve saber quando escutar e, sobretudo, quando se calar. Neste sentido, é um psicólogo", sublinhou. Para Vermeulen, a proibição da Olivier Dachkin pode ser um problema por não deixar que os clientes discutam no salão os assuntos do dia-a-dia, sobretudo numa altura em que também o sector da beleza e da estética sofre com a crise: há 20 anos, um belga ia ao cabeleireiro 19 vezes por ano, mas na atualidade vai apenas cinco.